A Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou recentemente uma declaração no The Lancet Public Health afirmando que quando se trata de consumo de álcool, não há quantidade segura que não afete a saúde.

"> Álcool: nenhum nível de consumo é seguro | O plano global de saúde da sua família

Bem estar

Álcool: nenhum nível de consumo é seguro

Você sabia que o álcool foi classificado como cancerígeno do Grupo 1 pela Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer? Este é o grupo de maior risco, que também inclui amianto, radiação e tabaco. O álcool causa pelo menos sete tipos de câncer, incluindo os tipos de câncer mais comuns, como câncer de intestino e câncer de mama feminino. O etanol (álcool) causa câncer por meio de mecanismos biológicos, pois o composto se decompõe no organismo, o que significa que qualquer bebida que contenha álcool, independentemente de sua qualidade, apresenta risco de desenvolver câncer.

Muitas pessoas acreditam que o álcool só é nocivo nos casos de alcoolismo. No entanto, os últimos dados disponíveis indicam que metade de todos os cânceres atribuíveis ao álcool na Região Européia da OMS são causados ​​pelo consumo “leve” e “moderado” de álcool que correspondem a menos de 1,5 litro de vinho ou menos de 3,5 litros de cerveja ou menos de 450 mililitros de destilados por semana.

“Não podemos falar sobre o chamado nível seguro de uso de álcool. Não importa o quanto você beba – o risco para a saúde de quem bebe começa desde a primeira gota de qualquer bebida alcoólica. A única coisa que podemos dizer com certeza é que quanto mais você bebe, mais prejudicial é – em outras palavras, quanto menos você bebe, mais seguro é”, explica a Dra. Carina Ferreira-Borges, líder da Unidade Interina para Gestão de Doenças Não Transmissíveis e Conselheira Regional para Álcool e Drogas Ilícitas no Escritório Regional da OMS para a Europa.

Sobre os potenciais efeitos benéficos do álcool

A questão dos efeitos benéficos do álcool tem sido uma questão controversa há anos. Não há estudos que demonstrem que os potenciais efeitos benéficos do consumo leve e moderado em doenças cardiovasculares e diabetes tipo 2 superam o risco de câncer associado a esses mesmos níveis de consumo de álcool para consumidores individuais.

Segundo Dr Jürgen Rehm, membro do Diretor Regional da OMS para o Conselho de Doenças Não Transmissíveis,  “os potenciais efeitos protetores do consumo de álcool, sugeridos por alguns estudos, estão intimamente ligados aos grupos de comparação escolhidos e aos métodos estatísticos utilizados, e podem não considerar outros fatores relevantes”, afirma.

Populações desfavorecidas e vulneráveis ​​têm taxas mais altas de morte e hospitalização relacionadas ao álcool, pois os danos de uma determinada quantidade e padrão de consumo são maiores para bebedores mais pobres e suas famílias do que para bebedores mais ricos em qualquer sociedade.

“Quando falamos sobre possíveis níveis considerados mais seguros de consumo de álcool ou sobre seus efeitos protetores, estamos ignorando o quadro mais amplo dos malefícios do álcool no mundo. Embora esteja bem estabelecido que o álcool pode causar câncer, esse fato ainda não é amplamente conhecido do público na maioria dos países. Precisamos de mensagens informativas sobre saúde relacionadas ao câncer nos rótulos das bebidas alcoólicas, seguindo o exemplo dos produtos de tabaco; precisamos de profissionais de saúde capacitados e treinados que se sintam à vontade para informar seus pacientes sobre o risco de álcool e o câncer; e precisamos de uma ampla conscientização geral sobre esse tópico nos países e comunidades”, conclui a Dra. Ferreira-Borges.

Fonte: Organização Mundial da Saúde- Europa - https://www.who.int/  -   imagem: https://br.freepik.com/   

Voltar para listagem